sábado, 11 de julho de 2009

O MUNDO DAS ERVAS



Há 50 mil anos, quando o Homo Sapiens surgiu no planeta, as plantas já existiam.Surgiram no período Siluriano da Era Paleozóica, compreendida entre 542 milhões e 251 milhões de anos atrás,á partir da evolução de determinadas algas.
As civilizações primitivas cedo se aperceberam da existência, ao lado das plantas comestíveis, de outras dotadas de maior ou menor toxidade que, ao serem utilizadas no combate á doença, revelavam, embora empiricamente, suas propriedades curativas.Outras produziam alucinações.
Poderes sobrenaturais foram atribuídos aos primitivos que detinham esses conhecimentos, passando á serem considerados mágicos, curandeiros ou feiticeiros.
Elas sempre acompanharam o homem na sua evolução e sempre desempenharam um papel muito importante na alimentação, medicina, estética, religião e cultura dos povos.
Eram designadas como dádivas dos criadores, e em rituais da Antiguidade, os iniciados eram preparados durante longos períodos com a ingestão de ervas, além de banhos e inalações de incensos feitos com ervas consideradas mágicas, acreditando-se que assim os magos e sacerdotes teriam seus corpos, mentes e espíritos preparados para a comunicação direta com as divindades.
A descoberta sobre a utilidade de uma planta era feita pelo método prático, classificando-a como comestível, curativa, mágica, etc. Muitas vezes, uma planta tinha suas propriedades curativas descobertas por sua semelhança com determinada parte do corpo humano, sendo associada á ele no processo de cura.
As ervas aromáticas, em decorrência de seus poderosos óleos essenciais, foram utilizadas pelas primeiras civilizações na confecção de cosméticos naturais, perfumes, dentifrícios e sabões.
Por exemplo, a sálvia era utilizada para branquear os dentes, bastando criar o hábito de mascar suas folhas.

No processo histórico das plantas medicinais, muitas civilizações descreveram a utilização de ervas e outros vegetais, como forma de medicamento, em seus registros e manuscritos.
Os babilônios e sumerianos,considerados por muitos autores como a primeira civilização existente, utilizavam frutos,folhas, flores, cascas e raízes de lótus, oliveira e alho na confecção de seus remédios.A Tabuinha Sumeriana¨, uma coleção de textos médicos em tabletes de argila, contêm a descrição das primeiras doenças e a prescrição para cada enfermidade, sendo considerada o mais antigo tratado de medicina.

A cultura chinesa (2000-2500 AC) descreve 365 drogas no 1 Pen T*são, trabalho do lendário imperador Shen-Nung.O imperador foi o primeiro a preparar extratos de ervas e á tentar fazer uma analise de sua composição.Diz a lenda que ele podia observar o que acontecia com os seus órgãos, principalmente quando tomava seus extratos de ervas,porque tinha o abdômen transparente.
Na China Antiga, a medicina era caracterizada por uma riqueza excepcional quanto aos detalhes.Para os chineses, o número 5 tinha um simbolismo especial, pois caracterizava a relação dos cinco elementos do Universo (madeira, fogo, água, ar e terra) com os cinco principais órgãos do corpo humano (coração, pulmões, rins, fígado e baço).Os historiadores costumam dizer que os chineses eram mais próximos da sabedoria do que da ciência.

No Egito, a medicina sempre esteve vinculada á astrologia, e havia uma forte relação entre as plantas medicinais, planetas e signos correspondentes.
Muitos eram os usos das plantas pelos egípcios.Chegavam á deixá-las nas tumbas dos faraós e personalidades importantes, para que fizessem uma viagem segura aos outros planos de existência.
São comuns os papiros relatando a adoração que o povo tinha pelas plantas.O mais famoso é o papiro Ebers, que contém centenas de fórmulas mágicas e remédios populares usados na época.
Os egípcios relatam o uso de azeite, figo, cebola, alho, funcho, açafrão,ópio, hortelã , anis, mostarda, canela, sementes de gergelim e papoula.
Nessa civilização, a cosmética atingiu o nível de arte.Nos templos, as essências e os incensos eram diariamente ofertados aos deuses, em busca de benefícios para o povo e para o faraó.
Muitas plantas eram classificadas como elementos preciosos para o bem estar físico, tais como a camomila, que era usada sob a forma de óleo para acalmar as dores musculares através de massagens.Suas flores eram dispersas em banheiras, proporcionando momentos únicos de prazer.

Várias receitas gregas citavam o uso de compressas com raízes no estancamento de hemorragias, uso de óleo de rícino e couve como purgativo, raiz de tácia como emético, chás de várias ervas como sudoríferos, beladona e ópio como narcóticos.

Durante a Idade Média, com a queda de Alexandria, considerada o maior empório de especiarias da época, a Europa sofreu uma forte mudança, entrando na Idade das Trevas.O conhecimento sobre ervas e especiarias ficou nas mãos dos religiosos, que as utilizavam apenas para a medicina e a prática espiritual, sendo traduzidos, copiados e preservados nas bibliotecas dos mosteiros.Durante este período, o desenvolvimento da medicina natural restringiu-se aos persas e árabes, que introduziram o uso do âmbar, cravo da índia, sândalo, gengibre, noz moscada e cânfora.

No período da Renascença, a botânica deu um grande salto, pois as plantas voltaram á ser catalogada.Preciosidades antigas haviam sido destruídas pela Inquisição, principalmente pelos incêndios provocados em bibliotecas secretas.

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Neste período houve um grande estímulo ao pensamento científico,sendo Paracelso um dos responsáveis pela revolução nos conceitos nas áreas de medicina e farmácia.Ele viajou por toda a Europa à procura de plantas e minerais,mas principalmente ouvindo feiticeiros,curandeiros e parteiras.Foi o precursor dos modernos conceitos da influência cósmica sobre as plantas e suas relações com os quatro elementos – água, terra, fogo e ar.

Durante a evolução no uso das plantas medicinais, foram criadas teorias e observações que contribuíram para a fitoterapia atual, entre elas a famosa Teoria das Assinaturas, pelo botânico Robert b. Turner: DEUS IMPRIMIU NAS PLANTAS,ERVAS,FLORES E FRUTAS, HIERÓGLIFOS QUE SÃO A PRÓPRIA ASSINATURA DE SUAS VIRTUDES
.Esta teoria relaciona as formas das partes das plantas com sua utilização.,mas voltaremos á falar dela na área da magia das plantas.

No século XIX, a humanidade possuía um enorme arsenal terapêutico presente nos vegetais.Durante este século ,a busca da utilização de drogas naturais puras teve grande importância,culminando pelo isolamento da estricnina á partir da Strychnos nux-vômica e identificação da quinina,um dos primeiros anti-microbianos utilizados no tratamento da malária.Em 1829, da casca do salgueiro foi isolada pela primeira vez a salicilina, servindo posteriormente, na síntese do ácido salicílico.

Na primeira metade do século XX os produtos de origem vegetal foram esquecidos em decorrência do estrondoso sucesso dos compostos químicos obtidos através de micro-organismos, as quais eram capazes de curar infecções graves.

A obtenção de novos fármacos, á partir de substâncias sintéticas, tem elevados custos para a pesquisa e desenvolvimento. Por outro lado, várias pesquisas demonstram que medicamentos originados de plantas medicinais são desenvolvidos em menor tempo e com custos muito inferiores.Deve-se á estes fatores, o renascimento do interesse pelas plantas medicinais, na busca de protótipos para a produção de novos fármacos.

Atualmente está tramitando pelo Congresso Nacional.
um projeto de Lei,que visa restringir o uso de fitoterápicos aos médicos. Outras áreas de saúde intervieram neste projeto de Lei. Como a Nutrição,a Farmácia e outras profissões afins
Grandes laboratórios farmacêuticos restringem as verbas para pesquisa e desenvolvimento de fitoterápicos, dificulltando a evolução dos benefícios que as plantas podem trazer ao ser humano
Enfim, o Brasil é hoje,o maior produtor natural de plantas do mundo. Nossas plantas são levadas clandestinamente para outros países e lá são manufaturadas,sendo novamente importadas pelo Brasil.

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